quinta-feira, 17 de maio de 2012

Babalawos…


Na lógica da Religião Yorùbá, Olódùnmarè, nosso Deus maior, onipotente e onipresente dentro de sua imensa sabedoria quando criou o homem à sua semelhança e perfeição e determinou sua vida na terra, nos deixou também uma forma para que pudéssemos conhecer a trajetória de nosso destino e desta forma minimizar nosso sofrimento, enquanto seres que desconectados do EU Divino, sozinhos, não temos noção de nossas vidas, nem para onde ir, nem o que fazer diante das inúmeras situações que nos deparamos em nosso dia a dia.
Esta bússola que nos conduz a ir em direção daquilo que é o melhor para todos nós é Òrúnmìlà-Ifá aquele que Olódùnmarè permitiu que fosse a testemunha da criação de tudo o que na terra existe, portanto o “guardião dos segredos”, que estava presente em nossa criação primeira e também a cada vez que aqui retornamos no processo de evolução.
Òrúnmìlà-Ifá, portanto é aquele que através do jogo divinatório fala o seu passado, seu presente e seu futuro. É o código decifrado do destino individual de cada ser humano, que trazemos quando nascemos, sendo um culto específico onde os portadores desta sabedoria são chamados de Bàbáláwò, “o Pai dos Segredos”.
No Culto a Ifá, os Bàbáláwò são pessoas escolhidas pela divindade através do jogo de Opele-Ifá, pois necessitam reunir em sua personalidade um caráter compatível com a missão que será desenvolvida, e onde não é permitido a traição, a falsidade, o orgulho, a vaidade, tendo que reunir uma forma de caráter muito especial, além da inteligência, para ser um iniciado. Neste Culto as pessoas não se candidatam a Bàbáláwò. Na África, após o nascimento de uma criança ela já é levada a um Bàbáláwò para que os pais saibam o que será melhor para o seu destino, e desta forma encaminhada para a missão na qual nasceu. Os escolhidos, quando atingem a idade necessária são encaminhados então ao templo e ali com os anciãos serão iniciados no culto e passam a adquirir o conhecimento dos segredos, a conduta necessária para que nunca percam este poder e a forma de como ajudar aos outros em qualquer tipo de aflição.
Dentre estes escolhidos, alguns serão encaminhados para ser Bàbáláwò, e outros para ser o Omo-Ifá, aqueles que acompanharão o Bàbáláwò em tudo o que fizerem, mas que nunca poderão atingir ao grau maior da sabedoria embora esteja presente e ciente de todos os rituais sagrados. Este código será decifrado através dos 16 Odù, que são os 16 Òrìsà primordiais, ou seja, o retrato de nosso caminho na terra que podem ser multiplicados por mais 16 e assim por diante, podendo chegar a 23.368 poemas de Ifá, retratando todas as formas emocionais e os problemas adquiridos pelo ser humano. Para cada caminho (destino) existem inúmeras rezas e ensinamentos passados oralmente ao iniciado permitindo com isto que além de conhecer nosso sofrimento apresente também a sua solução. Olódùnmarè não nos deixaria aqui somente para sofrer e andarmos desgovernados, isto não está incluso na lógica da criação, a única coisa é que o poder do conhecimento não pode estar nas mãos de qualquer um, uma vez que os níveis do caráter humano não são iguais, e que na maioria das vezes as pessoas vão moldando sua forma de ser de acordo não com o seu código interior, mas sim refletindo a força externa da sociedade em que vive.
Este treinamento requer muitos anos, de prática, rituais, e absorção do conhecimento, até que recebam de seus anciãos a autorização final para também desempenhar a função de Bàbáláwò.
Os Bàbáláwò adquirem poderes e como a própria tradução diz “Guardião dos Segredos”, seus poderes sobrenaturais são inúmeros e chegam além da morte, pois dentro dos ensinamentos aprendem a manipular poções e magias que podem curar inúmeras doenças, trazendo vida às pessoas muitas vezes desenganadas pela ciência comum. Além da cura, eles têm conhecimentos no preparo de magias para que tenhamos proteção contra a violência, acidentes, alcançarem a prosperidade, resolver casos amorosos, trabalhando com as folhas (Ewé), conseguem passar de um elemento para o outro o campo das energias em prol da felicidade do ser humano.
No campo espiritual eles podem ouvir a palavra dos ancestrais, em qualquer lugar do mundo, pois conhecem a língua sagrada. Seus conhecimentos permitem que interrompam o ciclo de uma criança Àbíku ( que nascem e morrem em poucos dias, ou que sobrevivem sob o perigo da morte constante), evitando novo sofrimento para seus pais, assim como o culto a Egbe ( grupos espirituais que ficam no astral para atrapalhar as pessoas). Cultuando as Ìyáàmi Osoronga, (as Mães Feiticeiras), podem se transportar de um local para outro, e vir à presença dos mortos que vivem junto de nós.
Fonte: asseomodura

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