COMPRENDENDO AS DETERMINAÇÕES ORACULARES
Existe uma distância enorme que separa a postura do homem religioso da postura do homem racional.
O religioso é aquele que busca a compreensão de tudo o que diz respeito
aos dogmas, procedimentos ritualísticos, liturgias e filosofia de sua
religião, o que o diferencia também do fanático, que aceita qualquer
coisa sem compreender e sem contestar.
O homem racional não busca a
compreensão e sim o resultado. Para ele a religião, seja qual for, é uma
butique de milagresonde os resultados pretendidos devem ser obtidos e,
invariavelmente, em curto prazo.
O que não pode ser provado em
laboratório, o que não lhe trouxer um resultado prático e positivo é,
para o racional, considerado obsoleto e, como tal, jogado na cestinha
das bobagens sem utilidade. O homem racional é, em essência, um cético e
ateu, por conta de nunca haver-se provado a existência de Deus “in
vitro”.
Creio que esta introdução pode servir para responder,
em parte, aos diversos questionamentos da maioria das pessoas, e, claro,
a alguns de nossos amigos que a este lêem.
De forma mais objetiva,
já que tratamos com pessoas confessadamente pragmáticas, ou seja, que
considera o valor prático como critério da verdade, eu diria que quando
se tira um Odu regente, o que se pretende na verdade é buscar, em
Orunmilá, os aconselhamentos e orientações para que se possa proceder de
forma a assegurar que tudo transcorra bem a partir da execução de
determinados procedimentos, sejam eles religiosos ou posturais.
Somente as pessoas crentes no poder de Orunmilá podem aceitar as
orientações daí decorrentes e, segundo as mesmas, participar dos ritos,
observar as interdições, seguir os aconselhamentos e oferecer os
sacrifícios propiciatórios e defensivos determinados.
Não sendo
assim, de nada adianta “sacar-se” um Odu para saber dessas orientações, e
não segui-las, ou obedecê-las, e assim NÃO se beneficiar das
orientações por ele trazidas.
Temos o grave defeito (humano,
congênito, cultural e Geográfico), de culparmos aos Orisá, pela não
realização de nossos anseios.
Costumo dizer que Orisá lê a mente e o
coração de todos nós, e o que a boca fala, às vezes, não é o que o
coração e a mente executam. E daí provém a não execução de alguns
desejos nossos.
Ou a demora da realização dos mesmos.
Ou o atendimento, mas não da forma que desejaríamos.
Devemos ter a consciência de que estamos aqui na Terra para aprender,
para evoluir, para recebermos as benesses de Orisá, mas não de graça.
Temos um dever, mas sempre queremos apenas os direitos.
E quase sempre relutamos em executar os deveres conforme as determinações de Orunmilá.
Temos a pretensão de achar que sabemos mais que Orunmilá, que Orisá, e constantemente “botamos queda de braço” com Eles.
Ledo engano…
Na grande maioria das vezes fazemos o que queremos e também constantemente contra as determinações do Oráculo.
Achamos que os sacerdotes, por serem humanos como nós, nada sabem.
Achamos que as impressões, por ele apresentadas, são de sua autoria.
O que normalmente não é.
E aí…pagamos caro…e normalmente com dor, pela nossadescrença.
E mesmo assim, relutamos em crer em nosso sacerdote, em suas determinações fornecidas por Esú.
E culpamos aos Orisá, por tantas coisas, que chega a ser ridículo as colocações.
Mas tudo devido a nossa incompetência, a nossa negligência, a nossa falta de confiança e na falta de FÉ.
Mas, como homem estudioso de minha Religião, um Sacerdote que busca
constantemente uma melhor evolução religiosa, cultural e litúrgica,
crente na sabedoria de Orunmilá, creio que as orientações que Ele me
fornece para minha proteção e das pessoas pertencentes ao meu Egbe,
através do Odu, funcionam, como tem funcionado até hoje de forma
muitíssimo satisfatória, para aqueles que seguem essas determinações, e
que têm em Orunmilá, e em Esu, como seus orientadores e mentores
espirituais.
E reafirmo aos que lêm a este, que busquem dentro de si mesmos as respostas, baseadas nos ensinamentos de Ifá.
Busquem aprimorar-se como seres humanos, como pessoas que estão em
busca não só de bem estar material, mas sim na busca de IWÁ (caráter).
Que assumam seus compromissos assumidos diante de Ifá, e deEsu, e
cumpram-nos, para obterem assim as tão desejadas benesses materiais.
Não adianta querer, e não fazer.
Não adianta falar para o Mundo, e não sentir dentro de si mesmo.
Não adianta teimar, e não seguir as determinações.
Não adianta receber, e depois descumprir o assumido.
Não adianta… pois ninguém engana a Esu !!!
QUANDO SE DAR E QUANDO RECEBER
Um sábio passeava pelo mercado quando um homem se aproximou.
Sei que és um grande mestre – disse.
Hoje de manhã, meu filho me pediu dinheiro para comprar algo que custa caro; devo ajudá-lo?
Se essa não é uma situação de emergência, aguarde mais uma semana antes de atender o seu filho.
Mas se tenho condições de ajudá-lo agora; que diferença fará esperar uma semana?
Uma diferença muito grande – respondeu o sábio.
– A minha experiência mostra que as pessoas só dão o real valor a algo
quando têm a oportunidade de duvidar se irão ou não conseguir o que
desejam.
Moral da história:
A vida freqüentemente nos ensina
este ponto. Por isso é que muitas vezes as nossas orações demoram um
pouco para serem atendidas.
(Texto encontrada na internet - autor nao identificado)